É tradição. O ritual se repete há alguns anos. Todo 24 de dezembro (
Consoada em Portugal), por volta das 14h, recebo o telefonema de Tia Rachel avisando: vou começar a fritá-las, pode vir.
E eu paro o que estou fazendo na hora, e sigo para sua casa, para saborear as rabanadas quentes, pois é assim que gosto de comê-las. E junto comigo, aparecem outros fregueses para ajudar na preparação e para comer também. Ao apreciar a iguaria, sempre me lembro da frase de minha avó, quando se preparava para chupar manga ou abil: "Se é para sujar a boca, não vale a pena ser com menos de 10".
Aproveitei para anotar o segredo e o passo a passo da melhor rabanada do universo. Vamos lá:
- O pão: melhor que seja dormido. Não precisa ser pão específico de rabanada. E o corte, na largura de um dedo, não muito grosso nem muito fino.
Separar uma vasilha com leite, e outra com ovos, e bater os ovos, com clara e gema.
Em seguida, mergulhar cada lado do pão, primeiro no leite, deixando escorrer o excesso, e depois nos ovos, também retirando o excesso, e reservar o pão para fritar em seguida.
Tem receitas que misturam o leite e os ovos num único recepiente. Mas o segredo é colocar em potes diferentes, pois a passada no leite deixa o pão cremoso por dentro, e a passada no ovo deixa o lado de fora do pão crocante.
Em seguida, frite as rabanadas em óleo bem quente, deixando-as secar em papel toalha quando estiverem no ponto.
Depois de secas, é só passá-las num tabuleiro com açúcar e canela, e ir para o abraço.
Você sabe um outro nome para essa iguaria?? Pois é, perguntei lá em Tia Rachel, e ninguém sabia. Pois tinha lido o Felipe de Souto dizer no comentário do
post que fiz sobre Casa de Vó, a respeito da tragédia familiar que foi comer a "Fatia Dourada" feita por sua avó. Pesquisando na época o que seria fatia dourada, fui levado às rabanadas, que também são chamadas de fatia-de-parida.
E por esse comentário super cultural, revelando a fatia dourada, Felipe, galo cinza de Portugal, vai levar de presente um livro que adorei, para descobrir as delícias dos doces típicos portugueses, numa história bem bolada escrita por Jô Soares (AS ESGANADAS).