"Suas meninas são um tesouro!" (Elis)
E você, possui algum tesouro? Uma joia valiosa?
Possuir não seria o melhor verbo, pois com relação a tesouros e joias, não os possuímos...somos apenas usufrutuários.
Ele passa de mão em mão, entre gerações...e, se hoje, temos isso nas mãos, é para usufruirmos...momentaneamente.
Sem dúvida, filhos são o maior tesouro que temos...são gemas preciosas. Mas também não os possuímos, somos usufrutuários.
"Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força,
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável."
* * *
E já que estamos com ventos orientais...uma ótima narrativa intitulada "Joias devolvidas".
Narra antiga lenda árabe, que um rabi, religioso dedicado, vivia muito
feliz com sua família. Esposa admirável e dois filhos queridos.
Certa vez, por imperativos da religião, o rabi empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias.
No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados.
A
mãezinha sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma
mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o
choque com bravura.
Todavia, uma preocupação lhe vinha à mente: como dar ao esposo a triste notícia?
Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha comoção.
Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão.
Alguns dias depois, num final de tarde, o rabi retornou ao lar.
Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos...
Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho, e logo depois ela lhe falaria dos moços.
Alguns
minutos depois estavam ambos sentados à mesa. Ela lhe perguntou sobre a
viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos.
A esposa, numa
atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido: deixe os filhos.
Primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.
O marido, já um pouco preocupado perguntou: o que aconteceu? Notei você abatida! Fale! Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus.
-
Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas
joias de valor incalculável, para que as guardasse. São joias muito
preciosas! Jamais vi algo tão belo!
- O problema é esse! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?
- Ora mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!... Por que isso agora?
- É que nunca havia visto joias assim! São maravilhosas!
- Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolvê-las.
- Mas eu não consigo aceitar a ideia de perdê-las!
E o rabi respondeu com firmeza: ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo!
- Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.
- Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido.
Na verdade isso já foi feito. As joias preciosas eram nossos filhos.
- Deus os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los. Eles se foram.
O rabi compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa, e juntos derramaram grossas lágrimas. Sem revolta nem desespero.
* * *
Os filhos são joias preciosas que o Criador nos confia a fim de que as ajudemos a burilar-se.
Não
percamos a oportunidade de enfeitá-las de virtudes. Assim, quando
tivermos que devolvê-las a Deus, que possam estar ainda mais belas e
mais valiosas.
(Fonte: livro "Quem tem medo da morte? - Richard Simonetti, cap. Joias devolvidas)
* * *
Os filhos, os preparamos para a vida, para viver em sociedade.
E na condição de seres gregários, encontramos na família a base da sociedade. E se hoje, a sociedade não vai bem, é porque a família não está bem das pernas.
Sua família, seu maior tesouro. Cuide.
PS: Seria hoje, mas foi adiado para dia 10...a família Valada recebe mais uma pedra preciosa...seja bem vinda Juju. Ivana e Fabio, usem o cinzel com sabedoria, lapidando essa joia que recebem.