segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Lamentações

Já parou para pensar no número de pensamentos que temos em um dia?

Não? São muitos! De 60 mil a 95 mil pensamentos. Chocked?

E de tantos pensamentos, quantos efetivamente são produtivos? Otimistas? Que nos levantam e nos estimulam?

E quantos não são de reclamação ou lamentação?

Pense nisso!

* * *

Acostumado a acordar de madrugada para trabalhar, chega o fim de semana, são dois dias que posso esticar um pouquinho o sono. Mas como que adivinhando que estarei em casa nesses dias, a filhota pequena sempre acorda às 6h e corre para meu quarto para me acordar e começar as brincadeiras.

- "acordei dadad!!" (a maior ensinou pra ela que pai em inglês é dad, ai ela ligou que se pai é dad, papai seria dadad).

E eu digo, tá de sacanagem comigo né, acordar essa hora em pleno sábado/domingo! Vem aqui dormir mais um pouquinho com papai.

Outro dia ela nos deu um baita susto, caiu do sofá de cabeça no chão. Chorou muito, quase desmaiou, um galo imenso e roxo, muita dor, e corremos a prestar o socorro. Emergência, tomografia, observação, etc. Chegamos em casa de madrugada, exaustos.

Graças a Deus, o côco duro protegeu...mas foi uma noite daquelas...aqui só quem tem filhos tem ideia do que passamos e sentimos.

Pela manhã, ouvir aqueles passinhos se arrastando, chegar na cama, e falar: "dadad, acordei"...não tem preço. Chorei! E agradeci a Deus por ela estar ali me acordando.

Desde esse dia, não mais lamentei por ela me acordar cedo...poderia não ter mais essa delícia me acordando de manhã.

* * *

Pense em como você tem lamentado das coisas da vida.

Veja que existem problemas muito maiores que os seus, e que as pessoas continuam os enfrentando, e sem lamentações.

"Lamentação denota enfermidade mental e enfermidade de curso laborioso e tratamento dificil. É indispensável  criar pensamentos novos e disciplinar os lábios." (livro: Nosso Lar, ed. Feb, André Luiz/Chico Xavier)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Encontrando o tom


Achar o tom da alegria perdida
E não ter que explicar pra ninguém (Cantar - Teresa Cristina)


Certa vez, estava num show de Hermeto Pascoal no MAC, em Niterói.

O início do show foi atrasado por um problema no som.

A banda já no palco, o artista também, e uma microfonia sem fim gerava um grande desconforto em todos.

O técnico não descobria de onde vinha o som indesejado...até que num dado momento, Hermeto, que tira sons e faz música de tudo que faz som, pega o microfone e diz para a banda super empolgado: "Microfonia em Si Bemol! Vamos improvisar nesse tom!"

E ai começaram o show com um improviso em Si Bemol, onde agora, a microfonia que antes era um desconforto, passou a ser uma coisa harmônica, no tom. 

Foi ovacionado já no início do show.

* * *

Muitas vezes não conseguimos, ou sequer tentamos, encontrar o tom.

O problema chega, causa desconforto, e nos entregamos em reclamações e desculpas...quando na verdade, deveríamos procurar o tom do problema, e tocarmos nossa música nesse tom a fim de torná-lo mais harmônico, menos desconfortável.

Pense nisso quando tiver algo que te incomoda, e encontre o tom.

Ouça alguém no tom aqui:
Cantar by Teresa Cristina e Grupo Semente on Grooveshark
 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Carecudo

"E a pergunta é: por que, por que, por que?"

A caçula está na deliciosa fase das dúvidas e perguntas.

Ao ver um fio fino do seu cabelo preso no pente, manda à mesa, durante a refeição:

- Papai, por que o cabelo cai?

O que dizer a uma criança de 2 anos para entender isso?

- Que pode ser genético.
- Que é pela falta de alguma vitamina.
- Que pode ser pelo cansaço e pelo stress

Como ela está um saco para se alimentar, disse na hora sem muito pensar:

- O cabelo cai, porque a gente come muita bobeira.

Ai ela me olha e ri:

- Papai, você então come muita bobeira! Para de comer bobeira, seu carecudo!

Fiquei sem reação, e a esposa me olha espantada e cai na gargalhada.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Pessoas e casas

Estava dando um passeio de bicicleta pela cidade com a filha mais velha na garupa, quando ao passarmos diante de uma casa que estava bem desgastada pela ação do tempo, dialogamos:

- Papai, olha que casa feia, toda descascada.

- Mas ela já foi bonita sabia? E era azul
 
- Como assim?

- Olha ali no alto, aquele retalinho que ficou...ele diz que a casa já foi azul.
 
- É mesmo!
 
- E quando a gente não cuida da casa, o tempo destrói...entendeu?
 
- Entendi.
 
- Igualzinho ao nosso corpo...se a gente não cuidar dele, ele vai descascar, igual a essa casa.
 
- Sim, papai.

Quando voltamos e passamos pelo mesmo lugar ela prosseguiu:

- Papai, existem casas que são feias por fora...mas são lindas por dentro. Por exemplo, a casa de minha amiga da escola...por fora ela não é pintada, é no tijolo...mas por dentro, ela é linda, e tem um lustre maravilhoso.
 
- Muito bem observado filha! Sabia que também existem pessoas assim, como a casa da sua amiguinha?
 
- Como assim? (ela adora falar isso)
 
- Existem pessoas que são feias na aparência, mas que por dentro, tem um coração maravilhoso. Então a gente não pode julgar as pessoas pela sua aparência, mas pelo que elas são por dentro.
 
- xxxx é assim papai! Ela é feia, mas é linda por dentro!
 
- É isso minha filha.

(não quis mostrar as casas bonitas por fora e feia por dentro, pois ela não observou isso)

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Bechara e a história de escrever estória

Lembra lá atrás, quando te ensinaram a escrever história com "h" para fatos históricos (história real) e estória com "e" para obras de ficção (história inventada)?

Isso já caiu por terra há tanto tempo...e por que tem gente que ainda insiste em escrever assim?

Pesquisando sobre isso tempos atrás, inspirado pela curiosidade de uma amiga que está metendo a cara para passar num concurso público (e vai passar), chegamos a um artigo da professora Andréa Motta. Não vou transcrever o texto aqui...leiam lá no site apontado. É muito bom! Vale a pena a leitura.

Hoje, Andréa mantém o site Conversa de Português, muito bom também para quem gosta da nossa língua!

O artigo da professora faz referência a dois artigos publicados por Evanildo Bechara no semanário O Mundo Português intitulados "História e estória". Procurei os artigos, mas não consegui encontrá-los disponíveis na Internet. Mas aqui existe a referência a esses artigos (refs. [92] [93]).

Vários outros artigos desse semanário foram reunidos em uma coletânea chamada "Na ponta da língua", e pela página da ABL, esses dois artigos do Bechara foram fundidos e entraram no Vol. 3 da série.

Em resumo, devemos escrever sempre história com "h" para tudo.

Só não entendi por que o Bechara não colocou nada disso em sua excelente gramática...

Andréa, parabéns pelo excelente trabalho!

Outras fontes interessantes para essa pesquisa:

[1] História X estória, um conflito histórico
[2] Reforma Ortográfica: História ou Estória? 
[3] Estória
[4] história e estória - Uma discussão linguística

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Aos novos amigos

Novos amigos aqui chegaram
e entraram sem bater
abriram a geladeira
e vieram pra aquecer
nossas vidas com alegria

pois eles sabem viver.

Gigi é caladinha
mas transborda alegria
fala tudo com a alma
espalhando simpatia
com a presença irradia
sua boa energia.

O xará é um artista
traz carinho no olhar
é sensível, atencioso
sabe até fazer chorar
uma coisa só lhe falta:
afinar o seu cantar.

* * *

Ricardo e Gigi, sejam bem vindos às nossas vidas!

PS: Puto gordo de uma figa, você arrasou trazendo esses dois pra nós!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Daqui a vinte e cinco anos

“Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo ninguém deve morrer de fome.” (Allan Kardec, em "O livro dos Espíritos", Q. 930)
 
Em 16 de setembro de 1967, Clarice Lispector publicou* esse artigo no Jornal do Brasil (JB).


De fato, em setembro de 1992, o povo já falava muito mais. 
Saimos da ditadura, escolhemos presidentes, porém...a maturidade política está distante.

E hoje, após se passarem 46 anos da publicação, a fome ainda está presente...não como outrora, mas ainda temos bolsões de misérias.

E o câncer continua ceifando milhões de vida.

E a maturidade política, no contexto de nação, nem se fala...ainda somos crianças.

* * *

Não queria que você pensasse num Brasil para daqui a vinte e cinco anos...pois muitas vezes, nesse pensar, estamos transferindo as ações para os outros. Queria que você pensase em você!

O que você calcularia para VOCÊ, daqui a vinte e cinco anos? E o que você tem feito para isso acontecer desde agora?

É hora de arregaçar as mangas, e ir atrás...o tempo passa e não nos damos conta...não demora, lá se foram vinte e cinco anos...e o que você fez?


* Todos os artigos publicados por Clarice Lispector no JB de agosto de 1967 a dezembro de 1973 encontram-se compilados na obra "A descoberta do mundo", ed. Rocco.

domingo, 9 de junho de 2013

Deus me fez assim

"Rir sozinho da própria gafe é sabedoria, mas também é egoísmo.
 Dividir esse momento com alguns amigos e familiares é um lampejo de caridade.
 Compartilhar isso com o mundo, é altruísmo." 

(Ricardo Hoffmann - Moleskine de Citações Favoritas)

Contar as suas gafes, ter prazer em fazer os outros rirem das suas façanhas, e não ter a menor vergonha disso tudo e ainda sentir prazer...isso é tia Rachel. Onde ela estiver presente, é certeza da alegria estar junto (até mesmo em velório)!

Em 20 de julho de 2008 ela realiza um de seus sonhos. O de publicar um livro. Convidou os amigos, contou casos, teve noite de autógrafos, foi uma noite daquelas! De sair com a face cansada, de tanto que se riu. E de que trata o livro? Pelo título "Deus me fez assim" dá para se ter uma ideia. O livro traz as suas gafes memoráveis.

Já falei dela por aqui no Salada de azeite (caso contado no livro também). Olha a tag "tia Rachel" ali no cantinho, nos marcadores. 

A escritora

Como deu trabalho a confecção desse livro. Participei ativamente com Cláudia (filha), Marcelo (filho) e Joice (nora). Os originais escritos a mão se perdiam. Os que já haviam sido digitados sumiam ou eram apagados por vírus, e depois de tanto apanharmos, o livro finalmente saiu!

Ela me deu um papel nisso. Ricardo, eu quero que você seja o revisor. Mas se você encontrar erros, não os corrija! Eu quero que vá com erro mesmo, pois eu sou assim!

E quem tem o prazer de ter um exemplar desse em casa, tem a felicidade. E olha que foi de graça! Nem quis vender o convite para a felicidade!

Mas não sinta água na boca, a edição está esgotada!

Performance ao vivo
Para você sentir um gostinho do que tem ali...segue uma degustação. 

* * *

O Band-aid

A primeira refeição em minha casa, logo que me casei, foi assim:

Betinho chegou e me disse:
- Rachel, chamei Carlinhos (primo) para almoçar aqui.

Fiquei contente, e então pensei: vou fazer uma comida que vai dar certo (bolinho de carne com batata amassada).

Comecei a manusear o prato. Na véspera havia dado um corte no dedo, e simplesmente coloquei um band-aid. Mexe daqui, mexe dali, e tudo pronto.

Fritei os bolinhos (ficaram no ponto certo), e fomos almoçar.

Mesa bem arrumada. Em dado momento, olhei para Carlinhos e o vi mastigando muito o bolinho, e pensei:  alguma coisa está errada...carne moída e batata amassada! Perguntei-lhe o que tanto mastigava. Ele respondeu:

- Não sei!

Nisso, ele retirou o que havia em sua boca e me disse:

- É isso aqui!

Então virei com toda minha cara de pau e lhe disse:

- O band-aid que saiu do meu dedo, você foi premiado!

Imagine como fiquei, mas logo arrumei uma brincadeira e tudo acabou bem.

* * *

O Mártir
Tio Betinho, tão figura quanto tia Rachel.

O amor (e o humor) de ambos é o sustento de um relacionamento tão bonito, e por que não, tão divertido e engraçado!

* * * 

Se ficou com vontade de ler o livro...você tem uma chance!

Seja altruísta!

Deixe ai nos comentários uma gafe sua, deixe a gente rir com você, compartilhe esse momento, e você ganhará uma versão digital do livro...ser o revisor tem essa vantagem!


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Enquanto houver sol

Aconteceu exatamente como eu tinha planejado.

E foi bonito...foi emocionante.
 
Chorar com o choro de cada um, ao trazer uma lembrança de sua mãe, pelo dias das mães.

De todos eles, um arrepiou da nuca ao dedo pé.

O depoimento de um primo, agradecendo o apoio da família, sobre a coragem e a fé inabalável de seus pais, nos momentos difíceis quando ele ainda era depende químico...eles não arredaram o pé em nenhum instante, na certeza de que a virada de quadro era possível.

Hoje, completamente renovado, ele conduz um grupo que 'estende as mãos' para que dependentes químicos e ex-dependentes possam trocar experiências, trabalharem no bem e caminharem juntos em prol de uma vida melhor.

Após todos os depoimentos, um amigo de infância, que naquele dia foi contratado para fazer o churrasco, pediu para dar o seu depoimento. Disse ele que aprendeu muito com sua mãe. E que naquele momento ele não dava motivos para que sua mãe tivesse orgulho dele, por ser ele um dependente químico...mas que esse quadro estava mudando, graças a ajuda desse grupo conduzido por meu primo.

Como diria pY, rimel foi parar no canto da boca.

Esperança...uma palavra especial.

E porque na semana que passou já rimos, choramos tanto, e fizemos os outros chorar também, com as recordações que essa música trouxe...não poderia deixar de ser diferente.

Feche os olhos, ouça a música, e observe as recordações que ela vai lhe trazer.

Dias difíceis, sempre haverão...mas enquanto houver sol...ainda haverá.


Enquanto Houver Sol by Titãs on Grooveshark

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Do fundo do baú

Volta e meia ouço essa expressão: "Nossa! Essa você tirou do fundo do baú!! Como se lembra disso?"

O que lhe veio a mente com a expressão "fundo do baú"?

Muitas vezes, ela é interpretada como algo antigo...o que nem sempre é verdade.

Prefiro ver o fundo do baú como coisas que cairam no esquecimento, que não usamos com frequência.

Quem tem crianças em casa e tem um baú de brinquedos, entende que fundo do baú é por ai...

E como eu estou sempre a revirar meu baú, o de memórias, as coisas estão sempre vivas ao meu redor.

* * *

E por que está chegando um dia especial (dia das mães), que devemos comemorar todos os dias,  vou lhe proporcionar um mergulho no seu baú.

Resgate uma experiência marcante que viveu com sua mãe. Uma das muitas lições que ela lhe transmitiu e que ficou inesquecível. 

E fique a vontade se quiser relatá-la ai nos comentários.

Mas vá além disso, nesse dia especial, que é o dia das mães, conte a ela dessa lição inesquecível que você se recordou ao mergulhar no baú de suas memórias...isso vale muito mais do que qualquer presente. 

Se ela está distante, telefone.

Se ela já não está entre nós fisicamente, ore. Vibre, agradeça através de uma prece. Relate mentalmente. Tenha certeza que ela receberá a vibração onde estiver e ficará muito feliz.

Se o seu relacionamento não é dos melhores com sua genitora...quem sabe essa lembrança de um momento agradável não seja a oportunidade de um recomeçar? O perdão é libertador.

* * *

Dentre tantas lições que aprendi com ela, hoje especialmente, eu me recordo de uma família que ela tinha o prazer de atender em nossa cidade, abrindo sempre as portas de nossa casa para recebê-los, dando muito mais do que o pão para matar a fome, mas exercitando uma arte muito esquecida nos dias de hoje...a arte de saber ouvir.

Concluirei num próximo texto, pois no momento os dedos tremem e o olho está embaçado...não dá para continuar.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Por quem os sinos dobram

Seja num livro de Hemingway.
Seja na canção de Raul Seixas.
Seja no cinema, na literatura, na música.
Provavelmente, todos eles tem uma origem em comum.



Existe uma razão para eles tocarem...

Seja para anunciar a morte, ou a vida.
Para chamar os fieis para a missa.
Para te despertar pela manhã.
Para avisar que está na hora do almoço.

Seja para o que for que eles cantem...
De hoje em diante...
Você não será o mesmo após ouvir um sino badalar.

* * *

Uma amiga de nossa família, Iêda Mariléa, lançou recentemente um livro intitulado "Perfil de Mulher", contendo poemas de sua autoria.

Dentre tantos, um é especialmente para você:

Por quem os sinos dobram

Eles dobram por ti...
Pedem a Deus pela humanidade
Por todas as injustiças sociais ainda praticadas
Pela nossa má vontade em progredir
Não aparando as arestas
Não exercitando o bem
Eles dobram por ti, irmão
Pedindo socorro
Num lamento melodioso
Pela Terra ultrajada
Por tanta depredação
Olhai as aves do céu
Elas voam despreocupadas
Pois sabem que o Pai tudo provê
E nós seres humanos falíveis
Precisamos encontrar nosso eixo
Para então gravitarmos para Deus
Campanário, campanário amigo...
Dobrem...
Dobrem...
Até acordar os homens
Para a realidade do amor.

* * *

É impossível ficar indiferente ao dobrar do sino.

Felizes aqueles que em suas agitações diárias, podem ainda ouvir, do alto da torre de uma igreja,  o chamado simbólico do sino clamando...desperta!!

 Crédito da imagem 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Escova, dons e símbolos

Puto gordo de uma figa
Cabra de muita sorte
De onde menos se esperava
Encontrou sua consorte
Tenho medo dessa loura
Na porrada ela é forte

Deixa ela só saber
Crédito
Desse papo de simbólico
Casamento é coisa séria
Um processo anabólico
Cuidado com o que fala
Senão vira catabólico

Desejo a felicidade
Proporcional a sua pança
Se emagrecer não se preocupe
Não se mede em balança
Felicidade nunca acaba
Tenha sempre esperança

Daqui do mato eu envio
Meu salve ao casal
O abraço chega em junho
Num outro bat-local
Com as escovas não esqueçam
De comprar creme dental

São Caetano é distante
Fica em outra extremidade
Não podia ser mais perto?
Quem sabe outra cidade?
Uma coisa ainda não tenho:
O dom da ubiquidade


* * *

Homenagem ao casamento "simbólico" de Claudio Dundes e Cris Soldeira, que juntam as escovas de dentes amanhã, 20.04.13.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Cartas ao meu pai

Saudades daquela época em que as pessoas se correspondiam por cartas.

E quantas vezes essas cartas não viraram excelentes livros! Conhece algum?

Inspirada em um livro que lhe indiquei (pesado, denso, de pancar a cabeça): "Precisamos falar sobre Kevin", onde todo o enredo é narrado através de cartas, Mariana, que tem a felicidade de me ter como cunhado, completamente inspirada, escreveu a carta abaixo para seu pai.

* * *

Niterói, 19/12/2012

Olá,

Hoje senti uma necessidade de te escrever, talvez assim eu acalme um pouco esses sentimentos que se amontam e se embolam em meu coração. Eu tenho estado um pouco cansada das meias verdades, das meias palavras. Acho estranho dizer isso, mas é um fato, estamos cada vez mais ligados ao mundo e a cada instante as pessoas se tornam mais sozinhas, mais distantes.

Eu confesso que me tornei uma dessas pessoas extremamente conectadas a tudo, mas ainda tenho tentado preservar a presença, o contato físico, a boa conversa numa mesa, os encontros. Eu insisto, porque vale manter vivo o cheiro, a risada sentida. Não, eu não quero receber a representação de um sorriso. Eu não quero ter relações virtuais. Isso não é normal.

Estava aqui pensando no que acharia disso tudo se estivesse aqui. Será que era isso que gostaria que estivéssemos vivendo agora? Talvez me respondesse apenas dizendo que estamos ausentes do mundo e isso me faria pensar muito.

Eu estava precisando conversar, por isso resolvi escrever. Sempre me sinto melhor quando escrevo algo, o sentimento em papel não é a mesma coisa, gera variadas interpretações, mas por saber que me conhece tão bem, acho que não terá problemas em saber o que eu sinto, na verdade, é inegável que me conhece perfeitamente.

Eu vejo na televisão a todo instante, coisas horríveis acontecendo, adultos que violentam outros adultos, outras crianças, outras famílias e crianças que matam. Isso já não choca, temos especialistas que julgam, condenam, falam demasiadamente sobre o acontecido, mas será que o problema em questão envolve apenas um contexto familiar, uma sociedade. Acho isso tudo repleto de meias verdades e tenho certeza que se pudesse me dizer algo, explicaria claramente onde erramos, mesmo que a resposta seja evidente. Somos todos culpados.

É, talvez seja isso. Talvez seja necessário reforçar o lado bom e positivo da vida. Talvez seja importante reforçar os laços de amor. Vigiar os pensamentos. Mas será que a mídia se importa com isso? Será que falar do mal gera mais Ibope do que falar do bem? Eu não sei, mas não querer saber das coisas nos torna extremamente vulneráveis.

Vou repensar um pouco sobre o papel que posso ter nisso tudo. Sei que me ajudará a encontrar o caminho correto para que mesmo que minimamente eu possa fazer diferente. E sei que vai cobrar se por acaso eu estiver apenas de espectadora. Não estamos aqui pra isso, e isso eu sei, Deus.

Mari

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Sobre joias e tesouros

"Suas meninas são um tesouro!" (Elis)

E você, possui algum tesouro? Uma joia valiosa?

Possuir não seria o melhor verbo, pois com relação a tesouros e joias, não os possuímos...somos apenas usufrutuários. 

Ele passa de mão em mão, entre gerações...e, se hoje, temos isso nas mãos, é para usufruirmos...momentaneamente.

Sem dúvida, filhos são o maior tesouro que temos...são gemas preciosas. Mas também não os possuímos, somos usufrutuários.

Já dizia Gibran Khalil Gibran, no seu espetacular "O Profeta":

"Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força,
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável."

* * *

E já que estamos com ventos orientais...uma ótima narrativa intitulada "Joias devolvidas".

Narra antiga lenda árabe, que um rabi, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família. Esposa admirável e dois filhos queridos.

Certa vez, por imperativos da religião, o rabi empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias.

No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados.

A mãezinha sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura.

Todavia, uma preocupação lhe vinha à mente: como dar ao esposo a triste notícia?

Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha comoção.

Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão.

Alguns dias depois, num final de tarde, o rabi retornou ao lar.

Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos...

Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho, e logo depois ela lhe falaria dos moços.

Alguns minutos depois estavam ambos sentados à mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos.

A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido: deixe os filhos. Primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.

O marido, já um pouco preocupado perguntou: o que aconteceu? Notei você abatida! Fale! Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus.

- Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas joias de valor incalculável, para que as guardasse. São joias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo!

- O problema é esse! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?

- Ora mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!... Por que isso agora?

- É que nunca havia visto joias assim! São maravilhosas!

- Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolvê-las.

- Mas eu não consigo aceitar a ideia de perdê-las!

E o rabi respondeu com firmeza: ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo!

- Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.

- Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido.

Na verdade isso já foi feito. As joias preciosas eram nossos filhos.

- Deus os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los. Eles se foram.

O rabi compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa, e juntos derramaram grossas lágrimas. Sem revolta nem desespero.

* * *

Os filhos são joias preciosas que o Criador nos confia a fim de que as ajudemos a burilar-se.

Não percamos a oportunidade de enfeitá-las de virtudes. Assim, quando tivermos que devolvê-las a Deus, que possam estar ainda mais belas e mais valiosas.

(Fonte: livro "Quem tem medo da morte? - Richard Simonetti,  cap. Joias devolvidas)


* * *

Os filhos, os preparamos para a vida, para viver em sociedade.

E na condição de seres gregários, encontramos na família a base da sociedade. E se hoje, a sociedade não vai bem, é porque a família não está bem das pernas.

Sua família, seu maior tesouro. Cuide.

PS: Seria hoje, mas foi adiado para dia 10...a família Valada recebe mais uma pedra preciosa...seja bem vinda Juju. Ivana e Fabio, usem o cinzel com sabedoria, lapidando essa joia que recebem.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Vingança

Olhos nos olhos,
Quero ver o que você diz.
Quero ver como suporta me ver tão feliz.

(Olhos nos olhos, Chico Buarque)


Vingança é um prato que se come frio?

Imagine você no seu trabalho, tendo que lidar com atendimento público, e aparece no seu balcão de atendimento uma pessoa que foi um ex-caso seu...uma pessoa que aprontou todas com você, e essa pessoa nem sequer a reconhece, tampouco se lembra de você.

É assim que Sara Gomes, protagonista de "Por isso eu sou vingativa", inicia sua saga de vingança. Faz uma lista de oito relacionamentos mal sucedidos de seu passado, onde levou pé na bunda e foi humilhada, e parte para dar o troco a cada um, anos depois. Recomendo! Diversão garantida.



Talvez você nunca tenha ouvido falar...
Talvez nunca tenha lido nada de Claudia Tajes...
Com certeza está perdendo uma ótima oportunidade.

Descobri essa gaúcha por acaso, atraído pelo título de um dos seus livros: "A vida sexual da mulher feia". Daí em diante, sempre que deparo com um livro dela, é certo conferir.

Voltando ao tema, se você é uma pessoa vingativa, diga ai o que essa mente maquiavélica já aprontou (medo de você).

Eu prefiro seguir com George Herbert: "a melhor vingança é viver bem".

E também com Marcia Tiburi:  "esquecer-se da vingança e simplesmente ser feliz é, de todas, a melhor forma de vingança".

E por que não Chico Buarque, como em Olhos nos olhos?

Agora, se eu souber que você leu algo de Claudia Tajes, e não me emprestou...todo esse altruísmo cai por terra, e pode esperar: me vingarei de você!

sexta-feira, 22 de março de 2013

Furto legal

Terminei de ler um livro que gostei muito: "Do calvário ao infinito". 

Com temática espírita, enfocando dentre tantos temas a lei de causa e efeito e a reencarnação, o autor consegue envolver os leitores numa bela trama, usando um vocabulário rebuscado (bem difícil sem dicionário), e nos fazendo refletir sobre muitas coisas para além do pano de fundo do romance, que por si só, já vale a leitura.


Por ser uma obra de 1944, achei esse trecho bem interessante, prática comum na época

“(...) Há um furto legal permitido por Deus, pelas diversas religiões do globo e por todos os Códigos dos países cultos ou bárbaros:  – consiste em ir alguém a um lar venturoso, cobiçar um dos seus mais belos ornamentos e usurpá-lo, com o assentimento dos lídimos possuidores, contentes ou constrangidos. Chama-se casamento. É como se alguém entrasse num jardim florido e colhesse o mais precioso espécime, o que mais o deslumbrara, à vista do seu cultivador que, às vezes, não contém as lágrimas... Acho-me na situação desse egoísta, apreciador dos tesouros alheios, amigo... Observo a dita mais perfeita no vosso lar abençoado e venho roubar-vo-la em parte, ou antes, desejo transplantar para o meu, deserto e entristecido, por falta de um arcanjo doméstico, uma centelha de alegria, de felicidade, de luz espiritualizante, que as há em abundância no vosso: quero enfim, meu amigo, permitais a aliança nupcial de Sonia com o meu Henrique... (...)”.

O texto transcrito é a expressão do pai do noivo para o pai da noiva, naqueles tempos em que os pais escolhiam o casamento para os filhos. Os dois sogros, amigos entre si, conversavam e um deles, viúvo, e pai do noivo, faz o pedido de noivado e casamento ao pai da moça

É ou não é uma beleza?? Fiquei a pensar quando fiquei noivo. Não teve nada disso, nenhuma formalidade. Não teve a tradição do "pedir a mão". Essas coisas se perderam pelo caminho... Lembre ai de sua história, como foi o seu noivado e, se quiser, deixa ai nos comentários como foi.

Será que hoje ainda temos isso? Não a questão das famílias se reunirem para o pedido de noivado, mas especialmente a questão dos casamentos escolhidos pelos familiares, por outros interesses que não o amor. O furto legal. Conhece algum desses recentemente?


Se ficou curioso, o melhor é o precinho dele no estantevirtual. Um livrão desse por menos de 5 pratas?!?!

Interessado?


sexta-feira, 15 de março de 2013

Que dia é hoje?

como assim você não sabe?
algo lhe traz embaraço?           
sua mente não lembrou?
o que tem 15 de março?
Rio de Janeiro, Guanabara, fusão?
isto traz-me compulsão!
olvidei? ou apenas disfarço?

muitas coisas aconteceram
algo que não é de agora
rogue para sua memória
a verdade está la fora
York, Detroit ou Vegas?
soa um pouco piegas?
eu quero meu passiflora!

este caso se encerra
foi este meu compromisso
enrolei e não disse nada
lhe deixei irritadiço
isto é coisa de minha cabeça
pesquise, talvez você conheça
e não se fala mais nisso!

sexta-feira, 8 de março de 2013

O sorriso de Exupéry

Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós. - Antoine de Saint-Exupéry

Nessa semana, durante alguns e-mails que troquei com a Lana, num deles ela mandou uma citação de Exupéry. Achei aquilo muito legal. Muitos só associam Exupéry ao "pequeno príncipe". Mas a biografia dele, e os outros livros por ele escrito além da obra magistral citada acima, são também dignos de atenção.

Com a citação dela, busquei na memória coisas que já tinha lido sobre Exupéry. Compartilho dois dentre muitos desses textos:

* * *

Foi então que apareceu a raposa.

“Bom dia.” – Disse a raposa.

“Bom dia.” – Respondeu o principezinho com delicadeza. Mas, ao voltar-se não viu ninguém.

“Estou aqui.” – Disse a voz – “Debaixo da macieira…”

“Quem és tu?” – Disse o principezinho. – “És bem bonita…”.

“Sou uma raposa.”

“Anda, vem brincar comigo.” – Propôs-lhe o principezinho. –“Estou tão triste…”

“Não posso brincar contigo.” – Disse a raposa. – “Ainda ninguém me cativou.”

“Ah! Perdão.” – Disse o principezinho.

Mas, depois de ter refletido, acrescentou: – “Que significa cativar”?

“Tu não deves ser daqui.” – Disse a raposa. – “Que procuras?”

“Procuro os homens.” – Disse o principezinho. – “Que significa cativar”?

“Os homens” – disse a raposa – “têm espingardas e caçam. É uma maçada! Também criam galinhas. É o único interesse que lhes acho. Andas à procura de galinhas?”

“Não.” – Disse o principezinho. – “Ando à procura de amigos. Que significa cativar”?

“É uma coisa de que toda a gente se esqueceu.” – Disse a raposa. – “Significa criar laços…”

“Criar laços?”

“Isso mesmo.” – Disse a raposa. – “Para mim, não passas, por enquanto, de um rapazinho em tudo igual a cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu não precisas de mim. Para ti, não passo de uma raposa igual a cem mil raposas.

Mas, se me cativares, precisaremos um do outro. Serás para mim único no mundo. Serei única no mundo para ti…”

-“Começo a compreender.” – Disse o principezinho. – “Existe uma flor... creio que ela me cativou.”

“É possível.” – Disse a raposa. – “Vê-se de tudo à superfície da Terra…”

* * *

Foi durante a guerra civil na Espanha. Antoine de Saint-Exupéry, o autor de O pequeno príncipe, foi lutar ao lado dos espanhóis que preservavam a democracia.

Certa feita, caiu nas mãos dos adversários. Foi preso e condenado à morte.

Na noite que precedia a sua execução, conta ele que foi despido de todos os seus haveres e jogado em uma cela miserável.

O guarda era muito jovem. Mas era um jovem que, por certo, já assassinara a muitos. Parecia não ter sentimentos. O semblante era frio.

Vigilante, ali estava e tinha ordens para atirar para matar, em caso de fuga.

Exupéry tentou uma conversa com o guarda, altas horas da madrugada. Afinal, eram suas últimas horas na face da Terra. De início, foi inútil. Contudo, quando o guarda se voltou para ele, ele sorriu.

Era um sorriso que misturava pavor e ansiedade. Mas um sorriso. Sorriu e perguntou de forma tímida:

Você é pai?

A resposta foi dada com um movimento de cabeça, afirmativo.

Eu também, falou o prisioneiro. Só que há uma enorme diferença entre nós dois. Amanhã, a esta hora eu terei sido assassinado. Você voltará para casa e irá abraçar seu filho.

Meus filhos não têm culpa da minha imprevidência. E, no entanto, não mais os abraçarei no corpo físico. Quando o dia amanhecer, eu morrerei.

Na hora em que você for abraçar o seu filho, fale-lhe de amor. Diga a ele: "Amo você. Você é a razão da minha vida." Você é guarda. Você está ganhando dinheiro para manter a sua família, não é?

O guarda continuava parado, imóvel. Parecia um cadáver que respirava.

O prisioneiro concluiu: Então, leve a mensagem que eu não poderei dar ao meu filho.

As lágrimas jorraram dos olhos. Ele notou que o guarda também chorava. Parecia ter despertado do seu torpor. Não disse uma única palavra.

Tomou da chave mestra e abriu o cadeado externo. Com uma outra chave abriu a lingueta. Fez correr o metal enferrujado, abriu a porta da cela, deu-lhe um sinal.

O condenado à morte saiu apressado, depois correu, saindo da fortaleza.

O jovem soldado lhe apontou a direção das montanhas para que ele fugisse, deu-lhe as costas e voltou para dentro.

O carcereiro deu-lhe a vida e, com certeza, foi condenado por ter permitido que um prisioneiro fugisse.

Antoine de Saint-Exupéry retornou à França e escreveu uma página inesquecível: Uma vida, duas vidas, um sorriso.

Quando perguntaram ao escritor como ele conseguiu escapar do cárcere que o levaria a morte, St. Exupéry respondeu em alto e bom tom:

Minha vida foi salva por um sorriso

* * *
Nesse dia internacional das mulheres, minha homenagem a todas vocês que sabem cativar uma amizade, e manter sempre um sorriso no rosto. Especialmente a você Lana, que inspirou o post trazendo Exupéry para nossas reflexões.

Que possamos exercitar um pouco mais esses dois verbos: cativar e sorrir. E que tal reler "O Pequeno Príncipe" ?

criador e criatura

PS: textos retirados do site Momento Espírita.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Canção de ninar

Diga ai qual a canção de ninar lhe veio a cabeça ao ler o título do post? Busque no fundo do baú, e tente lembrar a canção que você era ninado por seus pais, ou a que você usava para ninar seus filhos.

Ontem, ouvindo na rádio uma entrevista de Adriana Partimpim sobre o lançamento do seu terceiro disco para crianças  intitulado "tlês", conheci a canção de ninar Acalanto. Esse terceiro disco parece ser bem legal, a ideia dela era fazer um disco com canções de ninar, e óbvio que ela não vai fazer turnê do disco, segundo ela mesma falou, pois iria colocar a plateia para dormir.

Acalanto foi criada por Dorival Caymi, e era usada para ninar Nana Caymi. Fico a imaginar aquele vozerão ninando alguém. Já aprendi acalanto para incluir no repertório.

Para ninar Laura, eu tenho uma canção matadora. É só eu começar que ela embarca, algo assim:

***
"Para dormir
feche o olhinho
é só fechar
que o soninho vem;

pisca e fecha
que o soninho vem
para dormir
pisca e fecha meu amor

é só piscar
que o soninho já chegou."

***

É engraçado, que quando ela está numa agitação danada, olhão aberto, e não quer dormir por nada, eu mando a canção acima e ela diz: essa agora não! Canta boi, a do sapo, beijinho...

Agora ela deu para responder a canção:

"É só piscar
que o soninho já chegou" (e ela diz, não chegou)

E vou repetindo, ela respondendo: tá chegando, tá chegando...agora chegou! E eu fico cantando e rindo.

A Júlia, eu não ninava tanto, por ser a primeira, de vidro, sabe como é? Mas mesmo assim, ainda rolava um: 

"Julinha, Julinha amor de mamãe
Julinha, Julinha amor de papai
É Julinha meu amor
é Julinha minha flor"

***

Para mim, ninar a criança no colo, é a maior demonstração de segurança, de confiança, da parte da criança. Alguém se entregar no aconchego do seu colo, embalar no sono, e você colocar no berço, beijar a testa, e dizer dorme com Deus e com seu anjinho, é das melhores coisas da vida.

Em tempo, a canção de ninar que recordo de minha mãe cantando para mim é mãezinha do céu.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Clarice para crianças

Tempos atrás, achei essa super caixa no site submarino. Sabia que as crianças iam curtir isso no futuro.


As edições atuais dos 5 títulos infantis de Clarice Lispector: A vida íntima de Laura, A mulher que matou os peixes, O mistério do coelho pensante, Quase de verdade e Como nasceram as estrelas, reunidas num box comemorativo que traz ainda um jogo da memória com as ilustrações dos livros. 

Júlia estava torrando a paciência pedindo um cachorro. E cachorro e apartamento não dá. Conseguimos chegar a um denominador comum...o bicho de estimação seria um peixe...e aí, nada melhor que apresentar "A mulher que matou os peixes" para ela.

É um livro delicioso, e muitas vezes ela chama para a interação com o leitor, fazendo perguntas...

Agora Júlia já sabe qual será o nome do seu cachorro, quanto tiver um...Dilermando! Mas também ficou balançada com o Bruno Barberini de Monteverdi. Engraçado que no dia seguinte a leitura, eu perguntei a ela: você se lembra do nome daquele cachorro do livro...e ela na hora: Bruno Barberini de Monteverdi. Que memória fantástica!

O livro já começa dizendo que ela, Clarice, foi a mulher que matou os peixes, e pede o perdão aos leitores por esse ato...vocês seriam capazes de me perdoar?? E aí ela começa a contar outras histórias de carinho por animais, para sensibilizar o perdão dos leitores com relação a sua falha para com a morte dos peixes. Quem tem filhos e não conhece a história, é altamente recomendado.

Após a leitura, eu perguntei...e aí, você perdoa a Clarice? E ela...é claro que eu perdoo!! Pode acontecer com todo mundo né?? Eu também posso esquecer de dar comida pro meu peixinho e vou querer o perdão também (se colocou na posição da autora, já prevendo acontecimentos nefastos).

Dia seguinte, liguei para minha mãe para falar a novidade da leitura. Ela trabalhou durante muitos anos em biblioteca de escola pública, atendendo ao público infantil, e conhecia de cabeça a história da mulher que matou os peixes...ai contou para meu sobrinho de 3 anos a mesma história...então Cauã, você perdoa a mulher que matou os peixes?? É claro que eu perdoo! Ela esqueceu dos peixes pois era escritora, e estava escrevendo essa história pra gente!!

Na sequência, chamei a filha menor de dois anos, que se chama Laura, para ler com ela e a irmã, A vida íntima de Laura. Na história, Laura é uma galinha...a irmã falou pra ela assim antes de começar a leitura: "Laura, você é uma galinha!!!" E ela respondeu brava: Não sou!!! E saiu furiosa nem querendo saber da história rs...Laura tem personalidade forte!

Nada melhor do que desenvolver senso crítico nas crianças desde cedo....obrigado Clarice Lispector!


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Como envenenar crianças

Frei Beto é de uma lucidez extraordinária. Confira aqui o que ele fala sobre a alimentação das nossas crianças.

Recomendo a todos os pais que assistam ao filme "Muito além do peso". 

Gravem o filme, disponível para download no site acima, e dê de presente para quem você achar que esteja precisando, que o filme fará a diferença, especialmente para os diretores da escola de seus filhos.

Ah se todas as escolas trabalhassem esse filme....

Boas reflexões!!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Salve os Captchas

Recebi pelo site dicas-l um excelente texto, traduzido de uma palestra do TED.

Vale muito a pena a ler. É grande, mas você não vai perder tempo...pelo contrário.

Na verdade, eu recomendaria assistir a palestra (coloque legenda em português), e depois confira o texto. Eu gosto muito das palestras do TED.

Sabe aquelas letrinhas chatas, que te obrigam a preencher em vários sites, para você provar que não é um robô? Elas tem uma outra razão de ser...chamam-se Captchas. E descubra do que a inteligência é capaz de fazer.



Agora sou capaz de preencher essas letrinhas chatas sem reclamar...vá lá descobrir o motivo.

E tem uma dica final para estudo de idiomas muito legal! Ms Harkins que se cuide com as traduções rs.


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ao sambista mais novo

É musical desde quando estava na barriga da mamãe. Se acalmava ao ouvir-me tocando o violão.

Tem ritmo e excelente memória.

Aos cinco anos, compõe sua primeira música.

"Já era época do Natal
 Enfrento as nuvens e o coração
 A primavera se aproxima do verão

 Os brotos de flores vão se abrindo
 O calor vai refletindo"

No dia das crianças, pede um cavaquinho de presente, e tinha que ser 'cavaquinho de verdade'.


Como diria Alcione:

"Antes de me despedir,
 Deixo ao sambista mais novo
 O meu pedido final:
 Não deixe o samba morrer..."

Pequena homenagem às grandes mulheres do samba: Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra, Alcione, Bete Carvalho, Teresa Cristina, Roberta Sá...dentre tantas outras. Quem sabe no futuro Júlia não figure nessa lista de bambas?

Saravá!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Rabanada de Tia Rachel

É tradição. O ritual se repete há alguns anos. Todo 24 de dezembro (Consoada em Portugal), por volta das 14h, recebo o telefonema de Tia Rachel avisando: vou começar a fritá-las, pode vir.

E eu paro o que estou fazendo na hora, e sigo para sua casa, para saborear as rabanadas quentes, pois é assim que gosto de comê-las. E junto comigo, aparecem outros fregueses para ajudar na preparação e para comer também. Ao apreciar a iguaria, sempre me lembro da frase de minha avó, quando se preparava para  chupar manga ou abil: "Se é para sujar a boca, não vale a pena ser com menos de 10".

Aproveitei para anotar o segredo e o passo a passo da melhor rabanada do universo. Vamos lá:

- O pão: melhor que seja dormido. Não precisa ser pão específico de rabanada. E o corte, na largura de um dedo, não muito grosso nem muito fino.


Separar uma vasilha com leite, e outra com ovos, e bater os ovos, com clara e gema.


Em seguida, mergulhar cada lado do pão, primeiro no leite, deixando escorrer o excesso, e depois nos ovos, também retirando o excesso, e reservar o pão para fritar em seguida.




Tem receitas que misturam o  leite e os ovos num único recepiente. Mas o segredo é colocar em potes diferentes, pois a passada no leite deixa o pão cremoso por dentro, e a passada no ovo deixa o lado de fora do pão crocante.

Em seguida, frite as rabanadas em óleo bem quente, deixando-as secar em papel toalha quando estiverem no ponto.

 

Depois de secas, é só passá-las num tabuleiro com açúcar e canela, e ir para o abraço.



Você sabe um outro nome para essa iguaria?? Pois é, perguntei lá em Tia Rachel, e ninguém sabia. Pois tinha lido o Felipe de Souto dizer no comentário do post que fiz sobre Casa de Vó, a respeito da tragédia familiar que foi comer a "Fatia Dourada" feita por sua avó. Pesquisando na época o que seria fatia dourada, fui levado às rabanadas, que também são chamadas de fatia-de-parida.

E por esse comentário super cultural, revelando a fatia dourada, Felipe, galo cinza de Portugal, vai levar de presente um livro que adorei, para descobrir as delícias dos doces típicos portugueses, numa história bem bolada escrita por Jô Soares (AS ESGANADAS).